O vinho sempre exerceu enorme fascínio sobre o homem e o tem acompanhado em sua trajetória pelo mundo desde os primeiros passos das antigas civilizações. Porém, nunca se viu tamanho interesse pelo vinho e pela gastronomia como agora. O fenômeno é mundial mas, no Brasil , país de pouca tradição vinícola, ele se apresenta de forma muito marcante. Expresso exclusivamente nos Espumantes que é nosso carro chefe e caminhando ainda que lentamente para a fabricação de bons tintos.
Com recente abertura de nosso mercado às Importações, tivemos nossas prateleiras inundadas por vinhos das mais variadas procedências, inclusive de regiões produtoras desconhecidas do consumidor comum, num primeiro momento, o consumidor ainda pouco informado bebeu de tudo, indiscriminadamente.
Diante de tantas variedades de ofertas, as pessoas ficaram um tanto confusas e começaram a se perguntar: Como escolher? Como ler um rótulo de vinho? O que é um bom vinho?Que safra escolher? As informações começaram a circular, cursos de vinhos, revistas especializadas, livros, começaram a fazer enorme sucesso e pouco a pouco as pessoas começaram a ter condições de escolher melhor o seu vinho de cada dia.
Os vinhos de melhor qualidade ganharam espaço, e estão presentes em nossas casas, nos restaurantes e lojas especializadas. Tornou-se um hábito de sofisticação que chegou às classes médias, não estando mais restrito às elites.
Com a Globalização do paladar não podemos negar que hoje bebemos muito melhor do que nossos pais, mas perdeu-se um pouco do romantismo dos vinhos produzidos com uvas regionais, de grande tradição nas regiões produtoras. Devido à sua melhor qualidade, algumas cepas (geralmente francesas) ganharam muito espaço, sendo assimiladas por outras regiões.
A padronização está dando lugar ao prazer da fruta acentuada, também se tem nos países do novo mundo, o uso abusivo do carvalho que prejudica e se sobrepõe á fruta. A madeira não deve estar antes da fruta, mas depois dela, claro que a madeira continua imprescindível para flexibilizar o tanino dos grandes vinhos, mas na maioria ela pode estar sendo demais, em vinhos com bons taninos mas sem estrutura,a madeira vai dominar e a bebida se revelará sem intensidade e riqueza. Esse mesmo vinho mostrará seu potencial se passar por inox, pois sua fruta será privilegiada.
Em linhas gerais, a madeira deve ser utilizada para aumentar a complexidade do vinho e não para mascarar aromas e sabores, a palavra chave em vinho é o equilíbrio entre fruta e madeira. A máster of wine inglesa Jancis Robinson (dama do vinho)Também defende a restrição ao uso do barril de carvalho. A madeira é um elemento positivo quando não domina a bebida, vinhos jovens, como alguns brancos , que devem ser valorizados pelo agradável frescor da fruta , quando se utiliza madeira num vinho jovem ,seja branco ou tinto, em que a característica melhor é a fruta,se destrói a bebida.
O Mito de que vinho bom tem que ter madeira veio provavelmente da Califórnia, que foi a primeira a lançar os vinhos marcados pela presença de madeira, como o modelo era o vinho Bordeaux ,famoso no mundo todo,a presença da madeira era uma cópia de um dos aspectos do vinho francês:O envelhecimento em barril de carvalho,vinhos com identidade própria. Os grandes Bordeaux são vinhos feitos para se tomar entre 10 ou 20 anos depois de engarrafado,quando a madeira só aparece de forma sutil.quando ela aparece muito nos vinhos Bordeaux é porque o vinho está jovem demais. A evolução do vinho no novo mundo fez as vinícolas que se esmeram pela qualidade analisar as características da uva e, por conseguinte, o tipo de tratamento que ela merece. Hoje em dia buscamos vinhos com muita fruta e um toque de madeira. Se criou uma tendência mundial deixando todos os vinhos iguais, os famosos vinhos Coca Cola, são vinhos corretos, sem defeitos mas sem tipicidade.
A Nova Tendência é preservar a fruta, como resultado vinhos sem madeira começam a ter destaque novamente no mercado mundial, os exemplos são os vinhos Brancos ( Friuli na Itália , os Sauvignon Blanc da Nova Zelândia, do Chile, da Áustria, da Austrália , dos Estados Unidos e África do Sul).Cada vinho pode ter sua beleza,sem usar instrumentos artificiais que são dispensáveis,a madeira harmoniza o vinho,não o melhora.O uso dos chips que são lascas de madeira depositadas nos tanques de inox,para se conseguir sabor da madeira, teve sua entrada em cena alguns anos atrás, eles permitiram a vinhos baratos receber um toque de carvalho. Na França é proibido,e considerado crime, na Argentina também é proibido.Tem algumas experiências com vinhos de mesa, mas são vinhos desclassificados,o chip dá a ilusão de complexidade aos vinhos jovens,o chip é uma enganação para o consumidor,o gosto pode fazer com que ele pense que foi envelhecido,mas não tem envelhecimento,não tem o fenômeno de envelhecimento e complexidade,que acontece nos Barris e que traz a complexidade aromática. Os vinhos produzidos atualmente tendem a ser mais límpidos, mais frutados e menos tânicos, feitos para serem consumidos ainda jovens.
Estamos mudando!
Há 6 anos
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